Durante décadas, o tiro esportivo foi um território predominantemente masculino. Equipamentos, regulamentos e estruturas eram pensados quase exclusivamente para homens, o que dificultava o acesso e a permanência das mulheres no esporte. Mas esse cenário tem mudado — e de forma significativa. Hoje, cada vez mais mulheres ocupam com destaque as linhas de tiro, reafirmando que a precisão, o foco e a habilidade técnica não pertencem a um único gênero.
Dos primeiros passos à igualdade nas competições
A exclusão feminina foi regra nos primórdios do esporte olímpico. Embora o tiro esportivo fizesse parte dos Jogos desde 1896, em Atenas, só em 1968 as mulheres puderam competir — e, ainda assim, dividindo eventos com os homens. A virada histórica ocorreu em 1984, quando surgiram as primeiras provas exclusivamente femininas nos Jogos de Los Angeles, abrindo espaço para maior visibilidade e protagonismo.
Nomes como o de Margaret Murdock, que conquistou a prata em Montreal 1976 ao competir contra homens, foram decisivos para acelerar essa transformação. Sua atuação não apenas quebrou barreiras, mas serviu de inspiração para milhares de outras mulheres ao redor do mundo.
A força feminina em crescimento no Brasil
No cenário brasileiro, o movimento também é evidente. O número de mulheres filiadas a entidades de tiro cresce a cada temporada. Segundo a Liga Nacional dos Atiradores Desportivos (LINADE), mais de cinco mil mulheres fazem parte da base de praticantes e centenas já disputam os principais campeonatos do calendário nacional. Clubes e federações têm ampliado a oferta de cursos e treinos voltados ao público feminino, e o ambiente do esporte se torna cada vez mais plural e acolhedor.
Atletas como Rosane Ewald, presença constante em disputas internacionais, e Ana Luiza Ferrão, que brilhou com o ouro no Pan de 2011, são reflexo direto dessa nova fase do tiro esportivo brasileiro. Ambas abriram caminho para outras atiradoras seguirem rumo às grandes competições.
Características que favorecem o desempenho feminino
Embora o sucesso no tiro dependa de treino e técnica, muitas mulheres se destacam por atributos específicos, como:
- Estabilidade emocional: fundamental em provas que exigem concentração sob pressão.
- Alto grau de foco: capacidade de atenção aos mínimos detalhes faz diferença no desempenho.
- Consciência postural: controle corporal refinado favorece o alinhamento e a precisão nos disparos.
Essas características, somadas ao treinamento adequado, resultam em grandes performances, tanto em nível amador quanto profissional.
Muito além da competição
O tiro esportivo também tem atraído mulheres em busca de autodesenvolvimento. Para muitas praticantes, o esporte representa um caminho para ganhar autoconfiança, reduzir o estresse e fortalecer a disciplina. O ambiente de treino torna-se, assim, um espaço de empoderamento, superação e conexão com outras mulheres que compartilham os mesmos objetivos.
Clubes têm percebido esse potencial e investido em turmas femininas, treinamentos personalizados e eventos voltados ao público feminino, contribuindo para que mais mulheres se sintam representadas e bem-vindas.
Desafios que ainda resistem — e como superá-los
A loja Leder Pinheiro, de Goiânia (GO), aponta que, apesar dos avanços, algumas barreiras ainda precisam ser enfrentadas. Resquícios de preconceito, sub-representação em cargos técnicos e administrativos, e a falta de apoio em algumas regiões ainda são realidade. No entanto, o crescimento constante da base feminina e a presença de líderes mulheres no esporte indicam um futuro mais igualitário.
A tendência é de que, com mais visibilidade, incentivo e reconhecimento, o número de mulheres no tiro esportivo continue crescendo, inspirando novas gerações e consolidando a presença feminina como parte central da modalidade.
Para saber mais sobre mulheres no tiro esportivo, acesse:
https://www.linade.com.br/mulheres-no-tiro-esportivo-um-exemplo-de-superacao-e-determinacao/